Com tantas pessoas em home office durante a pandemia, algumas empresas vêm se interessando por estratégias de monitoramento online. Mas será que isso é bom para as equipes?
Há softwares capazes de rastrear cada tecla digitada, os movimentos feitos com o mouse e todos os sites visitados. Além disso, alguns programas usam a webcam para analisar até as feições do usuário. Isso porque os movimentos dos olhos e a linguagem corporal poderiam indicar se ele está atento ao trabalho ou não.
Só que essa vigilância toda, nos tempos atuais, acontece dentro da casa do colaborador. E aí o indivíduo fica sensivelmente vulnerável.
Monitoramento online x privacidade dos colaboradores
Muita gente vem enfrentando problemas de saúde mental enquanto trabalha em casa. Na pesquisa Work Trend Index 2021, da Microsoft, 54% dos participantes relataram sentimento de sobrecarga, enquanto 39% se declararam exaustos. Então, a pergunta é “por que colocar mais uma preocupação na cabeça deles?”
Claro que alguns funcionários lidam melhor com a vigilância que outros. Logo, não dá para generalizar. Ainda assim, os empregadores precisam levar em conta a situação atípica que a sociedade vem enfrentando.
Por exemplo, imagine alguém que precisa conciliar o trabalho e o cuidado com os filhos. Às vezes, as crianças invadem o escritório – que pode muito bem ser a sala de casa – e demandam atenção. Aí, para não parecer improdutivo, o colaborador inventa táticas como recorrer a um aplicativo de movimento automático de mouse. Assim parece que ele está online e ativo continuamente, mesmo quando precisou ir à cozinha preparar o almoço da família.
Home office não precisa comprometer a produtividade
O exemplo acima serve para ilustrar que monitoramento online não garante, necessariamente, a produtividade da equipe. Aliás, pode acabar incentivando, isto sim, estratégias para driblar o sistema.
Por isso, as empresas devem ser transparentes em relação às informações que coletam – e aos porquês disso. Além disso, é importante ouvir os trabalhadores para saber se há incômodo em relação à vigilância. Aliás, por óbvio, opiniões divergentes quanto a isso devem ser acolhidas sem ameaça de punição com ações disciplinares.
Ainda, a maioria dos entrevistados para o Work Trend Index 2021 afirma ter mantido, no home office, desempenho igual ou superior ao do período anterior à pandemia. Entretanto, isso vem com o custo da sobrecarga digital.
Desse modo, monitoramento online talvez seja um esforço desnecessário. Afinal, a qualidade dos resultados é mais importante do que a quantidade de horas em frente a um computador.
Numa realidade híbrida, em que o escritório deixou de estar somente na sede da empresa, não dá mais para se prender às antigas noções de tempo e espaço. Ou seja, as companhias precisam oferecer um ambiente flexível e capaz de atender às altas cargas de trabalho.
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